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Gestão de Risco Financeiro

A maior força da gestão moderna de riscos financeiros é que ela está apoiada numa abordagem racional que utiliza ferramentas estatísticas para avaliar produtos e portfólios financeiros, resultando num fortíssimo ponto de apoio para subsidiar uma tomada de decisão rastreável e objetiva, cujo objetivo é maximizar o retorno e minimizar o risco.

Embora essas ferramentas estatísticas possam ser muito úteis, elas são simplesmente isso – modelos matemáticos do mundo real.

 

Como disse George Box: “todos os modelos são falsos, mas alguns são úteis”.

 

Se forem feitas suposições ilusórias, e se forem aplicados os modelos matemáticos errados para o problema que está sendo analisado, não há gestão moderna de riscos financeiros que funcione.

Também é muito importante ressaltar que, se os resultados dos modelos forem ignorados pelos tomadores de decisão - ou porque a forma de apresentação dos resultados foi falha ou porque eles não estão treinados para raciocinar em termos de análise quantitativa de risco - os modelos matemáticos não resolverão o problema.

 

Conforme M. B. Miller: “Nem a matemática sem o conhecimento dos mercados financeiros, nem o conhecimento dos mercados financeiros sem a matemática, farão um perfeito gestor de risco” (M. B. Miller, “Quantitative Financial Risk Management”, Wiley, 2019).

A gestão do risco é encontrada em várias empresas e sob vários aspectos, tanto no campo financeiro, quanto no campo da engenharia, nas empresas de bens de consumo, etc. Para determinar especificamente o que é o risco financeiro ou não, o mais importante é defíni-lo de forma a incluir nesta gestão todas as questões relativas à utilização de ativos financeiros e os seus riscos, que também se apresentam para empresas que não são do setor financeiro.

Por exemplo, uma companhia área pode querer fazer hedge contra o custo do combustível e negociar vários intrumentos derivativos sobre esta commodity. Tendo definido o risco financeiro desta maneira, e reconhecendo que os mercados financeiros tem evoluido bastante nas últimas décadas, fica claro que a gestão do risco financeiro tem se tornado mais e mais importante.

Como disse Jorion (Philippe Jorion, "Financial Risk Manager Handbook - FRM PART I / PART II", 6th Edition, Wiley Finance, 2011.):

                          More generally, the goal is not to minimize risk; it is to take smart risks.

                          .

Os principais riscos financeiros normalmente são relacionados da seguinte forma:

  • Risco de Mercado;

  • Risco de Crédito; e

  • Risco de Liquidez.

 

É importante lembrar que a maioria das transações financeiras envolve vários dos aspectos citados acima.

Risco de Mercado

 

O risco de mercado é o risco associado à alteração dos “preços” dos ativos. O risco de mercado é mais frequentemente associado a ativos negociados em mercados financeiros que apresentam uma razoável liquidez, como ações e títulos (bonds). Tais tipos de mercados são caracterizados por uma constante negociação durante as várias horas do dia. Durante as horas de negociação, os preços das ações e dos títulos flutuam constantemente, devido a mudanças na oferta e na demanda. Todos os ativos financeiros possuem risco de mercado. Mesmo que um ativo não seja negociado em uma bolsa, seu valor pode mudar com o tempo.

Normalmente, os ativos financeiros que são negociados em mercados que apresentam boa liquidez, apresentam mudanças de preço regulares e contínuas na maior parte do tempo, e em alguns eventos esporádicos podem apresentar grandes mudanças de preços em curto espaço de tempo. Dado esta característica, normalmente, a análise de risco de mercado destes ativos pode fazer uso de uma grande quantidade de dados históricos de preços que podem ser utilizados para avaliar o risco. Devemos ressaltar que não são somente os dados históricos que resolvem o problema da análise de risco, mas que é preciso também "olhar" para eventos futuros que podem apresentar-se de maneira inusitada.

Risco de Crédito

O risco de crédito é o risco de que uma parte não consiga pagar a outra parte, em uma transação financeira, e pode surgir de várias formas diferentes, por exemplo, o devedor (borrower) deixa de fazer os pagamentos dos juros devidos, ou então não reembolsar integralmente o valor principal dos títulos (bonds) emitidos.

Os eventos de inadimplência nas transações financeiras geralmente são raros, por isso, tem-se muito menos dados históricos para desenvolver modelos de risco de crédito - em comparação com modelos de risco de mercado - , fazendo com que as estratégias para gerenciar o risco de crédito sejam diferentes das estratégias para gerenciar o risco de mercado.

Uma das estratégias mais utilizadas para reduzir o risco de crédito é incluir cláusulas nos contratos dos instrumentos financeiros que restrinjam o que o devedor pode ou não fazer. Essas restrições são conhecidas como “covenants”. Um dos mais comuns “covenants” utilizados é o Índice de Cobertura do Serviço da Dívida (ICSD), que diz que o lucro antes de juros e impostos (EBIT) deve ser maior em proporção aos pagamentos de juros em um determinado número de vezes. O credor então monitora a contabilidade de devedor para se certificar de que o ICSD está sendo atendido.

Não cumprir uma claúsula contratual de “covenant”, normalmente é um evento de “default” dentro do próprio contrato, ensejando outros pagamentos maiores por parte do devedor, e até o pedido de liquidação do devedor na justiça. Essa abordagem básica de restringir o comportamento do emissor do título (devedor) pode ser empregada em qualquer tipo de negociação.

Outra maneira de limitar o risco de crédito é fazer com que  devedor dê como garantias outros ativos financeiros que possui, por exemplo, a garantia (collateral) pode ser um bem imóvel. No caso de inadimplência, dependendo dos termos do contrato, a propriedade pode ser entregue ao credor ou vendida, com o produto da venda sendo usado para pagar o empréstimo.

Os contratos de derivativos nos mercados futuros são também considerados bastante atraentes para a minimização do risco de mercado e do risco de crédito. Um contrato a termo, pelo contrário, pode acarretar risco de crédito substancial. Isso porque todas as transações de derivativos nos mercados futuros são mediadas por uma câmara de compensação (Clearing House). A câmara de compensação, por sua vez, normalmente tem exigências de margem e liquidação diária. Em vez de lidar diretamente entre si, de forma bilateral, o comprador de um contrato futuro compra o contrato da câmara, que por sua vez tenta vender o contrato para outro participante do mercado. É importante ressaltar que todos os pagamentos passam pela câmara de compensação. Se você comprar ou vender um contrato futuro, você só precisa se preocupar com o risco de crédito da Clearing House.

Risco de Liquidez

 

O risco de liquidez é o risco da empresa não conseguir comprar ou vender um ativo na quantidade desejada pelo preço de mercado “esperado” no tempo certo. Mesmo em mercados que apresentam razoável liquidez podem acontecer problemas. O risco de liquidez é normalmente difícil de modelar, embora sua importância seja amplamente reconhecida. A modelagem de risco de liquidez tem tradicionalmente recebido muito menos atenção do que a modelagem de risco de mercado ou de risco de crédito (M. B. Miller, “Quantitative Financial Risk Management”, Wiley, 2019).

O Gestor do Risco Financeiro

As responsabilidades de um Gestor de Risco podem ser divididas em algumas tarefas principais:

 

1 - identificar;

2 - estimar probailidades/impactos;

3 - monitorar;

4 - controlar (seja, minimizando, evitando completamente, ou transferindo);

5 - comunicar; e

6 - avaliar a performance da gestão.

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FIGURA 1 – O Processo da Gestão de Risco Financeiro

Fonte: (M Crouhy, D Galai and R Mark, "The Essentials of Risk Management", 2nd Edit, 2014).

Risk Management

 

Financial risk management is a process to deal with the uncertainties resulting from financial markets. It involves assessing the financial risks facing an organization and developing management strategies consistent with internal priorities and policies (Horcher 2011).

 

According to this definition, as every organization faces different types of risks, the way that a company deals with risk is completely unique. Every company should properly assess and take necessary action against risk. This does not necessarily mean, however, that once a risk is identified, it needs to be mitigated as much as a company can.

 

Risk management is, therefore, not about mitigating risk at all costs. Mitigating risk may require sacrificing return, and it can be tolerable up to certain level as companies search for higher return as much as lower risk. Thus, to maximize profit while lowering the risk should be a delicate and well-defined task.

 

Managing risk comes with a cost, and even though dealing with it requires specific company policies, there exists a general framework for possible risk strategies:

 

Ignore

        In this strategy, companies accept all risks and their consequences and prefer to do nothing.

 

Transfer

       This strategy involves transferring the risks to a third party by hedging or some other way.

 

Mitigate

        Companies develop a strategy to mitigate risk partly because its harmful effect might be considered too much to bear and/or surpass the benefit attached to it.

 

Accept

       If companies embrace the strategy of accepting the risk, they properly identify risks and acknowledge the benefit of them. In other words, when assuming certain risks arising from some activities bring value to shareholders, this strategy can be chosen.

Abdullah Karasan, “Machine Learning for Financial Risk Management with Python: Algorithms for Modeling Risk”, 1st Edition, O'Reilly Media; 1st edition (December 28, 2021).

Governança e Cultura de Risco

Conforme M. Crouhy, D. Galai and R. Mark (“The Essentials of Risk Management", 2nd Edition, 2014)

Risk management has many different components, but the essence of what went wrong in the run-up to the 2007–2009 financial crisis had more to do with the lack of solid corporate governance structures for risk management than with the technical deficiencies of risk measurement and stress testing. In the boom period, risk management was marginalized in many financial institutions. The focus on deal flow, business volume, earnings, and compensation schemes drove firms increasingly to treat risk management as a source of information, not as an integral part of business decision making. Decisions were taken on risk positions without the debate that needed to happen. To some degree, this is a matter of risk culture, but it also has to do with governance structures inside organizations…[]

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